15 de março de 2010

Pela tela, pela janela

Por: Marcela Santos

Existem algumas contradições que fazem parte de mim. Como já disseram outros autores deste blog, “tudo flui, tudo se transforma”. E, começo falando desses paradoxos para compartilhar um pensamento, sucedido de um acontecimento.
Para nos situarmos, aconteceu em um apartamento, da vista de uma sacada. Eu, particularmente, prefiro prédios a casas. Eis a primeira contradição da história que se segue. Porque, apesar dessa preferência, aprecio muito a natureza. Tanto que, constantemente, paro apenas para olhar pela janela, ou pela dita sacada.

- O Pensamento
Foi em um desses momentos que, ao olhar, vi a nova tela de proteção cercando de cima a baixo o meu ponto de observação à minha Selva de Pedra. Fazia alguns dias que estava assim, mas ainda não havia visto como da última vez. Não me senti protegida pela tela de proteção, em vez disso, me senti presa. Mais um paradoxo.

Será, então, por isso que dizem estarmos presos em nossas próprias casas, quando criminosos estão soltos por aí?! Desconfio que sim, e fico triste com isso.
Fico triste porque sentar na sacada, sentir o vento, ouvir o barulho dos pássaros e vê-los se aproximando de mim, são as experiências que me deixam mais próxima do que há de simples e belo nessa vida. E, em nome da proteção, tive que aceitar a modificação disso.

- O Acontecimento
Logo que pensei em escrever este fato, terminaria num clima totalmente down. Mas, algo aconteceu quando, novamente, olhei para a sacada; vi que alguma coisa  atravessara o espaço, de uma ponta a outra. E o que poderia ser se estava tudo cercado?! Ah, era um pássaro, um pequeno pássaro. Tão miúdo que conseguia passar pela tela e me permitir o ar de sua graça.
A presença daquele pequeno ser me fez sorrir. Sim, porque ao vê-lo atravessando a sacada e contradizendo o meu pensamento, lembrei que sempre há “uma luz no fim do túnel”. E eu ainda poderia sentir o vento e ouvir os pássaros, mesmo que por um ângulo diferente.

Porque assim é a vida... Às vezes precisamos tomar medidas que nos desagradam, mas que são para o nosso bem. É preciso fazer escolhas, e isso não significa deixar de ser ou fazer o que se gosta. Mudanças assustam, em um primeiro momento, mas são importantes para aprendermos como funciona o mundo. Afinal, nem tudo é como queremos que seja.


Vista de antes:













Vista de agora:

4 comentários:

'ℓuαиα ℓєѕѕα disse...

OO' Máh,você é genial!

Marcela Santos disse...

Obrigada, menina! É muito legal essa história de escrever... Tudo o que acontece é motivo de linhas.
Mas, o "Secretamente, você" foi a intuição mais legal =D

Caio Fernando disse...

Aqui no Rio,acho que é pior...
O céu é ocupado por coisas que o arranham.
As nuvens estão cada vez mais escuras...
Favelas são completamente tomadas por poderes paralelos.
Mas,ironicamente,temos o título de "Cidade Maravilhosa"!

Edinaldo disse...

aaaa marcela..... sem palavras olha...
esse texto acho q e o mlhor desse blog fala serio....