5 de junho de 2015

Anatomoestetotêmporolinguística

"Levo, na face, o nariz adunco, a aspereza da barba, as espinhas agatanhadas
Levo, nos cabelos crespos, a genética dos pretos, a oleosidade das químicas, a secura dos tempos
Levo, na panturra, a inércia do passado, o desfastio do presente, as gulas do futuro
Levo, nos braços, a mirradez das carnes, a docilidade das mãos, a singeleza dos dedos
Levo, na pelve, as brincadeiras de infância, as calistenias inexitosas, as posturas incorrigíveis
Levo, nos pés, o peso do corpo, os calos de andarilho, as unhas mal-cortadas
Levo, no coração, as agruras sofridas, os mal-entendidos concluídos, os bem-entendidos não-resolvidos
Levo, na alma, corpo maltratado, uma mente sôfrega e um coração ressabiado
Mas levo tudo
Antes que deus me leve."

Um comentário:

Thiago Cruz disse...

Havia tempos que nada era postado!
Quantos anos! Quanta coisa se passou!
Realmente o tempo voa e, como no texto, ainda estamos aqui, cada um em sua dificuldade ou habilidade particular, com o coração e mente mais tratados pelo tempo e pela experiência, pelas novidades que jamais esperaríamos um dia.
Sorte e amor em nosso caminho!