Nossas ações correspondem à roupa, cuja serventia calha somente à alma. Despir essa circunstância seria como assaltar o próprio significado ou disseminar vendas nos olhos que temos em nossos tempos. Escolher de coração aberto. Naturalizar o sentimento de risco. Pode-se até dizer que fazer escolhas é viver. Afinal, um dia, a vida foi a própria escolha e sempre existiu desde que tudo se misturava. Há algo grande em escolher. E tudo é isso.
A vida jamais terminará. Nem se sabe, ao certo, quando ela começou. Posso dizer que que sou algo imortal. Mas, por certos motivos "desconhecidos", isso não me causa glórias. Grandes nomes físicos provaram passados distantes permeados por uma mesma realidade. Tudo e nada: iguais. Nada havia além de um ponto concentrado sistematicamente caótico. Acontece que eu estava naquilo. Ou melhor, tudo estava lá. Nada pode ser criado ou destruído. Até os pensamentos que tivermos serão algo que já existiu. E tudo isso, em algum contexto desmemoriado, foi uma decisão. Decisão que tomei, que todos tomamos.
O infinito nasceu para a Coletividade. A existência é regada por conectividade. E nada está em bolha de realidade isolada, ainda que esta, em certos sentidos, surja de modos tão desiguais; estranhos. A vida e suas escolhas vivem em uma espécie de redoma, cuja própria natureza é de liberdade e simetria. Uníssono. Escolher, portanto, é simplesmente pensar. E fazer escolhas é apenas a ação de escolher, isto é, um outro pensar...
O verdadeiro significado de selecionar o que terei em um determinado momento da "minha vida" se deu quando minha vida, em um determinado momento, escolheu um significado verdadeiro: a inversão dos fatos. Era tudo "meio parado". Precisava alongar alguns músculos, bocejar; experimentar outros caminhos, outras formas. Foi quando algumas opiniões minhas explodiram, espalharam energia tamanha, cuja influência fez brotar um querer comum de escolha melhor. Explodimos em nossos desejos! E, em frações de tempos, viemos parar aqui, como escritores e leitores; frutos do significado de escolhas; inteligência adaptativa, neurônios perdidos dos deuses... Em tudo há diferença, olhares diversos! Enfim.
( Thiago Vieira Cruz)