Hoje, vivemos completamente permeados pelas visitações de
vários acontecimentos cotidianos que não se debruçam sobre ideais de valorizações
das ações. A ética, a moral e os padrões comportamentais têm sido alterados
pelas consequências ligadas às novas “leis” que se amontoam sobre um novo
pensamento da realidade: sobreviver. As guerras, os terrorismos, a corrupção, a
enorme violência alheia, o egoísmo em acelerado crescimento: estes são alguns
fatores responsáveis pela ascensão do senso de omissões momentâneas e
permanentes entre os seres humanos. Há, todavia, as exceções.
Acontecimentos
recentes, como o registrado pela catástrofe ocorrida com o navio Costa
Concórdia na Itália, mostram uma nova faceta sobre as posições de determinadas
ações, completamente inusitadas, que têm ocorrido nas sociedades globais. O
homem parece estar menos dono de suas consequências. E as diretrizes que
coordenam seu senso crítico sobre si mesmo parecem estar abaladas por uma
indolência metal – a qual mostra um parecer de pura covardia e falta de
proteção à própria espécie. Tal falta de harmonização entre suas bases comportamentais - tomadas de intensos
medos camuflados, oriundos de acontecimentos públicos, com violências políticas
e desagregações de incentivos à não violência - tem trazido consequências determinantes
para os nossos futuros. Pois, os patamares que constituem nossas realidades
estão fundamentados naquilo que somos através de nossas ações.
Os efeitos da
covardia e da coragem sobre a sociedade são fatores determinantes para a
caracterização das relações recíprocas e mutualísticas entre os humanos. Tais
efeitos são significativos para conclusão
acerca da formatação do tecido social que engloba o “universo de relações
interespecíficas” da nossa espécie. Assim, é notório que a avaliação de um
conjunto social possa ser compreendida pelos graus de coragem e covardia que o
permeiam. A covardia provoca omissões não apenas nas restrições inerentes ao
indivíduo – num grau subjetivo - , mas afeta, também, a estrutura de
relacionamentos grupais, no que se refere às condições egocêntricas que tomam
não apenas um centro pessoal, mas também deglutem as possibilidades de
construção de novos caminhos, os quais poderiam se apoiar nos setores jurídicos,
mercadológicos, educacionais e empresariais.
A coragem,
porém, funciona como uma válvula de escape para as prorrogações de bons tempos.
A coragem se envolve no “drible” dos nossos instintos mais primitivos – de fuga
ou omissão. Uma sociedade permeada pela coragem tem o poder de desenvolvimento
mais acentuado, pois estabelece, como parâmetro principal, o “fugir da fuga”, o
atender das necessidades principais, sem medo de causas ou efeitos terciários.
Sendo assim, os
efeitos da covardia e da coragem são importantes para uma modificação social.
E, através de estímulos, é possível alimentar a coragem de um determinado
segmento populacional. Isso não se constrói rapidamente nem com “realitys shows”
televisivos banais. A base de todas as características - cujas raízes estão
fundamentadas num bom senso de criação social e manutenção da cooperação – que elevam
a sociedade está no núcleo educacional, em diretrizes básicas e estendidas de
formação individual – ou seja, familiar e Estatal. Investimentos primários e
pesados em tais setores são importantíssimos para depuração dos efeitos de covardias
passadas e formatação de ações encorajadas futuras. Desse modo, impede-se o naufrágio
principal: o afundar do caráter “sapiens” humano.
Thiago Vieira Cruz
Thiago Vieira Cruz