18 de maio de 2012

Ensejo


- Vamos tentar não pensar em nada: grande remédio para pensar em tudo.
- Prefiro a angústia de alguns tempos. Parece que alivia a ansiedade pensar no que acontecerá, ao invés de já saber um fim determinado. Para uma boa louca ideia, até que estou me comportando bem. Pensar em tudo é perda de tempo. Há necessidade de se pensar sobre as reais importâncias.
- Vamos tentar imaginar o tempo: talvez a Física seja melhor que tudo em algumas horas. O atrito e a sua ausência. Grande remédio para sentir tudo e nada.
- Prefiro me formar em Direito de ser Livre, para ser o que vier. Para uma louca ideia, até que estou me acostumando bem. O atrito pode inflamar demais. A ausência pode ser muito triste. Sou mais a vida alheia – dessas que nos permite sentir um pouco de tudo.
- Vamos tentar ver além do infinito. Pode ser boa uma visão que nos surpreenda intensamente: desenvolva uma fórmula de tudo ; uma nova teoria sobre a morte dos astros.
- A vida é curta! Desperdiçar tempo, gastando exemplares de horas raras não faz meu estilo. Gosto de ouvir a voz do profeta “Passado”, delineando o Futuro em seu vocabulário velho, que eu consigo entender. Para uma louca ideia, até que estou me saindo bem, inventado a minha maneira de ser - cada vez mais minha -, de ser progressivamente menos dependente do infinito tão sem conceito. Porque tudo que é muito obscuro , simplesmente, não quer ser visto.
- Vamos observar a relatividade passar! O tempo é a imagem móvel da eternidade imóvel. O tempo que você gosta de perder não é tempo perdido. Mas, vejas o brotamento científico da flor! Observes a maravilha da pétala a cair. O vento levando suas anteras. Sinta um cheiro de campo, se a fumaça urbana não atrapalhar: até a mistura de flor e carro pode ser boa. Vivas, pois, sobre a medida do possível: grande remédio para sorrir.
- Prefiro não me prender à mera observação de ponteiros vagabundos, sem rumos na circunferência fixa à parede. Não sou de gostar apenas de pétalas ou flor. A natureza inteira é pequena demais para ser apenas admirada em botões solitários, quase já mortos. A minha simplicidade impede a contemplação da magnitude de descobertas demais complexas, que talvez nem me tragam benefícios simples, da forma que consiga eu entender. Gostam de complicar coisas simples. As pessoas são assim. Para uma louca ideia, até que estou me saindo bem, nas visões bem cotidianas de jardins até vazios,  nos quais criança qualquer consegue fazer o parque melhor do mundo.
- Vamos dar importância ao tempo: tão curto remédio de tudo.
- Veja como é lindo apenas vê-lo passar... Tomara que não tropece; como nós, tão apressado!



Thiago Vieira Cruz

13 de maio de 2012

Candura

    Temos particularidades tão fortes, que jamais seremos comparados por nossas atitudes simples. Estão nelas, pois, aquilo que, de fato, somos. Não é nada de sobrenatural. Não é nada de “super” que nos eleva a ser o que somos. Simplicidade é o que marca. Não me refiro ao subnutrir da vaidade. Afinal, todos temos um pouco de nariz empinado! Digo sobre aquilo que nos Faz, simplesmente. Uma parte de tudo, uma parte de nada. Uma porção de quase tudo. Uma pitada de quase nada. E pronto... Forma-se a vida. Mas, a maneira como isso se distribui em nós é a diferença. Em alguns, o nada pode ser tudo. Em outros, pode nem haver uma explicação. O detalhe é o seguinte: ser o que seria, se não fosse o não saber sobre o que é!
   Temos particularidades tão fortes, que tudo pode ser uma questão de segundos: num abraço que desejamos, num beijo que esperamos, num algo que tanto pensamos. Aliás, temos o dever de não nos esquecer. Porém, a ação de se esquecer também pode ser a simplicidade marcante... Mas, não é nada de sobrenatural! Esquecer-se é o que todos fazem cotidianamente. Em tantos intervalos que a vida oferece, nos momentos em que não queremos mais amar, nas diretrizes que coordenam as escolhas que fazemos, quando abraçamos os outros, sem saber quem abraçamos. Isso deve fazer parte do ser humano. Suas particularidades. Suas promessas. Suas dívidas. Não é nada de “super” que nos eleva a ser o que somos... Simplicidade é a marca, do jeito de cada um – no amor, na traição, na alegria, na morte de conceitos, em quase tudo que se permite evoluir.


Thiago Vieira Cruz

Mãe de. Amor. de Mãe

Mãe sempre me lembra poesia.
Poesia pelo sentimento incondicional transmitido na palavra,
Que torna um Ser Humano comum,
Em tão mais humano que qualquer um.

Se O Perfeito fosse um todo formado por pequenos pedaços,
Tenho certeza que cada Mãe seria uma porção, em si, da Perfeição.


Feliz dia das Mães!


PS: com todo o amor e carinho bobinho que sinto por ti, mãe.


Marcela Santos

11 de maio de 2012

Como Eu Te Amo



"Nossa! Um mês de greve de transportes pode
acabar com a movimentação humana.
Greves no setor da saúde podem ser fatais para os não saudáveis.
Mas uma greve de amor:
talvez, tudo acabasse em um simples minuto." [Thiago Vieira Cruz]


Love is love.

9 de março de 2012

Dois anos

Há exatos dois anos atrás, provavelmente nesse mesmo horário, eu sentei para criar este blog, como idealização de um grupo de amigos que amanheciam seus pensamentos por aqui.

Cá estamos nós...

São dois anos de blog!

Só passei pra deixar uma lembrança.


:)

18 de fevereiro de 2012

O maior naufrágio da história - os efeitos da covardia e da coragem sobre a sociedade


      Hoje, vivemos completamente permeados pelas visitações de vários acontecimentos cotidianos que não se debruçam sobre ideais de valorizações das ações. A ética, a moral e os padrões comportamentais têm sido alterados pelas consequências ligadas às novas “leis” que se amontoam sobre um novo pensamento da realidade: sobreviver. As guerras, os terrorismos, a corrupção, a enorme violência alheia, o egoísmo em acelerado crescimento: estes são alguns fatores responsáveis pela ascensão do senso de omissões momentâneas e permanentes entre os seres humanos. Há, todavia, as exceções.
      Acontecimentos recentes, como o registrado pela catástrofe ocorrida com o navio Costa Concórdia na Itália, mostram uma nova faceta sobre as posições de determinadas ações, completamente inusitadas, que têm ocorrido nas sociedades globais. O homem parece estar menos dono de suas consequências. E as diretrizes que coordenam seu senso crítico sobre si mesmo parecem estar abaladas por uma indolência metal – a qual mostra um parecer de pura covardia e falta de proteção à própria espécie. Tal falta de harmonização entre suas  bases comportamentais - tomadas de intensos medos camuflados, oriundos de acontecimentos públicos, com violências políticas e desagregações de incentivos à não violência - tem trazido consequências determinantes para os nossos futuros. Pois, os patamares que constituem nossas realidades estão fundamentados naquilo que somos através de nossas ações.
      Os efeitos da covardia e da coragem sobre a sociedade são fatores determinantes para a caracterização das relações recíprocas e mutualísticas entre os humanos. Tais efeitos  são significativos para conclusão acerca da formatação do tecido social que engloba o “universo de relações interespecíficas” da nossa espécie. Assim, é notório que a avaliação de um conjunto social possa ser compreendida pelos graus de coragem e covardia que o permeiam. A covardia provoca omissões não apenas nas restrições inerentes ao indivíduo – num grau subjetivo - , mas afeta, também, a estrutura de relacionamentos grupais, no que se refere às condições egocêntricas que tomam não apenas um centro pessoal, mas também deglutem as possibilidades de construção de novos caminhos, os quais poderiam se apoiar nos setores jurídicos, mercadológicos, educacionais e empresariais.
       A coragem, porém, funciona como uma válvula de escape para as prorrogações de bons tempos. A coragem se envolve no “drible” dos nossos instintos mais primitivos – de fuga ou omissão. Uma sociedade permeada pela coragem tem o poder de desenvolvimento mais acentuado, pois estabelece, como parâmetro principal, o “fugir da fuga”, o atender das necessidades principais, sem medo de causas ou efeitos terciários.
       Sendo assim, os efeitos da covardia e da coragem são importantes para uma modificação social. E, através de estímulos, é possível alimentar a coragem de um determinado segmento populacional. Isso não se constrói rapidamente nem com “realitys shows” televisivos banais. A base de todas as características - cujas raízes estão fundamentadas num bom senso de criação social e manutenção da cooperação – que elevam a sociedade está no núcleo educacional, em diretrizes básicas e estendidas de formação individual – ou seja, familiar e Estatal. Investimentos primários e pesados em tais setores são importantíssimos para depuração dos efeitos de covardias passadas e formatação de ações encorajadas futuras. Desse modo, impede-se o naufrágio principal: o afundar do caráter “sapiens” humano.


Thiago Vieira Cruz

19 de janeiro de 2012

Vamos rir?

Ontem, foi o Dia Internacional do Riso. É difícil, ultimamente, não encontrar algo que não seja cômico, afinal, com tantos bordões e suas paráfrases – nisso, tem-se a “Luíza que está no Canadá” (estava, né...), junto com as meninas que “quebraram a mesa de Lucinha”, “tomando seus ‘bons drink’ na piscina” –, sempre há o que se comentar nos salões de beleza, nas mesas de bar e, principalmente, naquelas aulas chatas, que, não sei vocês, mas despertam em mim o “diabinho do sono” (o qual, diga-se de passagem, recepciono calorosamente).
É, porém, de se questionar onde está a fonte que nos faz jorrar gargalhadas. Será que ela enguiçou? Sinto falta de rir porque cheguei atrasado à aula, porque fui demasiado lírico – a ponto de ser ridículo – ao me declarar pra quem gosto, ou porque li uma crônica de Veríssimo e identifiquei-me bastante, o que abriu a fechadura do riso e liberou toda a minha emoção contida.
Aliás, esse é o nosso problema: guardamo-nos – ou resguardamo-nos – demais. Forçosamente, muitas vezes, impedimos a naturalidade de exercer seu papel no cotidiano e ela, frustrada, parece querer vingar-se de nós. É aí que começam nossos problemas, onde parimos os mal-entendidos, as discussões desnecessárias.
Se fôssemos menos tensos, e deixássemos que o ridículo (que é, sim, inerente a todos) pulasse um frevo, ou dançasse um tango sensual conosco, viveríamos histórias mais excitantes; seríamos mais interessantes, “tragáveis”. Mas, não... Como sempre, precisamos ser sisudos, insossos, mostrar que sabemos mais, que “está tudo sob controle”. Cremos veementemente que é um erro crasso assumir, em público, nossa carência, nossas expectativas – ou, quem sabe, a falta delas – e nossa ignorância.
O ridículo é nada mais do que a exacerbação do nosso eu, uma projeção natural “consertadamente desconsertada” daquilo que desejamos ser, e que é camuflada por nosso ego racional.
Enquanto nos mantivermos presos e não almejarmos horizontes mais longínquos, mesmo que desconhecidos, nossas vidas continuarão monótonas e vagas. Vamos olhar para frente e enxergar o mundo!
Claro que não devemos viver em função estritamente da opinião alheia, sempre tensos com o que os outros irão opinar sobre nós, mas mostremos, a todos que quiserem ver, que nossos 16 pares de dentes – bom, há quem tenha mais, ou menos... – servem, também, para decodificar a alegria que nosso sistema nervoso deseja representar. Sejamos ridículos! Façamos com que todos os dias, mesmo que com os imbróglios e obstáculos, sejam, efetivamente, os dias do “riso”.
Bom, agora, com licença, que eu vou assistir a minha sacrossanta novela das nove e rir um pouquinho com o “Crô”!




 (Thiago Neves)


Thiago Neves é novo autor do Amanheceu um pensamento.

18 de janeiro de 2012

Sonhos de criança


          Sempre quis ter, em minhas mãos, a arte de dominar as palavras. Fazer delas mais que uma nova amizade, ou habilidade. Como já desejei tornar o ato de brincar com as letras e signos linguísticos algo intrínseco a minha personalidade, ou, então, subjugá-las a minha vil vontade. Não sei muito bem o que queria.
          Quanta ignorância...
        Se, ao menos, eu soubesse que os melhores momentos da minha reles existência foram, simplesmente, sinestésicos: odores, toques, audições, e, especialmente, olhares. Se eu fosse menos prolixo e mais prático, talvez tivesse aproveitado melhor o que a vida gentilmente me oferecera e retribuído com mais gratidão, ao invés de me questionar “porque não fora melhor, desse ou daquele jeito”.
        Ainda me encontro numa busca vaga, por algo que creio ter perdido na transição entre a infância e a adolescência. Algo que ficou embrenhado entre os bonecos de luta, as notas “dez” em matemática e as espinhas e cravos desagradáveis – sempre acompanhados, diga-se logo, por inúmeros folículos pilosos e uma leve rebeldia incontida. Uma peça perdida, que não se encaixa, muito menos encontra o caminho para casa. Mas que casa? Casa-coração, casa-memória, casa-coração-memória, ou... simplesmente, casa?
       Talvez essa peça esteja escondida num recôndito dentro de mim, cujo acesso não me é permitido. Talvez...
        Então, de quê importa encontrar essa merda?! A vida passa, leva-me junto – como uma furiosa tempestade de areia – e, cá, estou eu, leviano, inutilmente à procura daquilo que já passou. A língua do povo já dizia: “Perdeu, playboy!”. Por que, cargas d’água, não me contento, tergiverso essa vontade indômita e sigo em frente?
         Hoje, minha busca – quase patológica, mas necessária – é por perspectivas. Olho para frente, vejo o mundo, mas não me encontro nele. Serei invisível, ou apenas mais uma agulha no palheiro?
          Alguém frígido, sem amor, mas com sonhos infantis – ou quem sabe infanto-juvenis: ser conhecido e reconhecido, descobrir o mundo, estudar e aprender. Sonhos bobos de um jovem arrogante, aspirante a cientista. Sonhos narcísicos e vulgares. Mas, sonhos...
          Daqui a alguns anos, estarei com um jaleco, um estetoscópio – e, talvez, até um bisturi – em mãos e só. Isolado na minha redoma, quase intangível, de conhecimentos que aspiro a ter, mas continuarei a vislumbrar sonhos. Quiçá, possa até amar. Amor. Palavra quase asquerosa, se não fossem seus efeitos adversos!
          E meus sonhos? Continuarão infantis?
          “Talvez”. A dúvida é a única perspectiva real que posso ter agora.



(Thiago Neves) 



Thiago Neves é nosso convidade especial.